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Emoções à Flor da Pele
12/07/2010 - 18h46m
Emoções à Flor da Pele
Penso que todo mundo que já ouviu essa expressão – emoções à flor da pele - sabe que ela nos remete a sensações de dor, de descontrole, de se sentir por um fio. E quem já sentiu essa sensação sabe que é quando o sofrimento está maior que a própria pessoa e ela está gritando. Por sofrimento, por solidão, por desespero, por preconceito e também por uma ajuda.
Nosso corpo emite sinais de que algo não vai vem. São os sintomas. Diferente dos sintomas orgânicos, os sintomas psíquicos são mais difíceis de serem aceitos e tratados, porque requerem do sujeito um reconhecimento, uma aceitação de que ali não há uma, ou apenas uma doença física, mas algo de caráter emocional. Muitas vezes as duas coisas juntas, mas é sempre preferível ao sujeito num primeiro momento, pensar em doença orgânica, genética, ainda que o médico lhe diga de seu emocional. Daí nossa dificuldade com essa resistência.
Essas são as doenças psicossomáticas. Sintomas na pele, marcas no corpo, emoções fora de controle e questões que não podem ser tocadas. É como se a barreira que o sujeito sente que tem com sua pele “explodindo”,ou com todo o seu cabelo caindo, fosse também uma barreira para que ninguém possa chegar ao verdadeiro problema. Nem mesmo ele. Não se pode tocar, percebe?
Vitiligo, psoríase, les, hiperidrose, disidrose, herpes, alergias, coceiras, descamações são algumas das manifestações possíveis ao corpo, que nos trazem uma mensagem de que o sujeito em questão tem questões a serem resolvidas, que necessitam ser tocadas.
Passar anos com problemas na pele que não podem ser escondidos, é um desafio que requer do sujeito uma força e um manejo enormes. È um suportar carregado de muita angústia, daí nossa pergunta sobre o que insiste tanto em sair, mas que não podendo ser pela palavra, sai pela pele?
Em nossa condição de humanos desamparados que somos, temos o toque como condição primeira de nos percebermos. É através do toque do outro que sentimos nosso corpo, que num primeiro instante nem o concebemos separados daquele que nos toca e é assim que podemos questionar se há algo aí ,nesse momento mítico de amparo que se passa uma condição de desamparo- hoje a flor da pele.
Não se modifica um passado doloroso, mas pode-se ter um novo olhar sobre ele e encontrar outras formas de tocar velhas feridas, porque sabemos que há outras saídas possíveis sendo que uma delas é pela palavra. Poder dizer sobre, é poder tocar em algo e interromper um ciclo de repetições que no mínimo gera dor, repúdio, medo e barreira ao toque que nos ampara.
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